Porque, da minha parte, poderíamos continuar numa simples amizade, mas sabia o quanto isso o machucava. E me machucava ainda mais, ver o quanto doía você me ver sem poder me abraçar e dizer tudo o que estava sentindo. Eu nunca pude corresponder às suas expectativas. Eu sempre fui tão livre, sem querer me prender a ninguém, estranhamente eu sou feliz na minha solidão, atrás desse muro que bloqueia sentimentos.
Mas eu sinto, e às vezes, até demais. Eu podia sentir sua dor ao olhar pra mim, mesmo depois de tanto tempo. E tudo o que você pensava ao dar um sorriso de tristeza era traduzido em palavras.
Se me lembro bem, o que ouvi naquela noite foi: “Nada mudou, ainda somos amigos, você pode falar comigo sempre que precisar”. E eu te procurava, a gente conversava, por um momento pensei que tudo tivesse voltado ao normal.
Mas não, nunca volta. Porque sempre uma das partes sai ferida, enquanto a outra permanece ilesa. E isso não é justo. Mas é sempre assim.
Você, tão sem sentimentos.
Eu, tão desprendida, a tudo, a todos.
Você, com o coração partido, sem acreditar que algum dia ainda pudesse se apaixonar.
E eu tão nem aí, qual o problema das pessoas serem sozinhas e felizes?
Você, incapaz de amar alguém outra vez.
Eu, tão apegada a você, porque pela primeira vez tinha encontrado um melhor amigo de verdade.
Você, tão calado, reservado.
Eu, chegando e contando tudo, pois com você nunca tive máscaras.
Você em um dia com o dedo machucado.
Eu aperto com força sua mão.
Você, um grito de dor.
Eu, com pena, lhe abraço.
{...}
É impossível acreditar que foi a partir daí que a amizade ganhou cor.
Para mim, tudo ainda estava meio cinza, mas você já via tantas cores.
Você tentava mostrar-me, mas não pude vê-las por tanto tempo.
Você apostou tudo em mim, já eu...
...Sinto muito, nunca pude corresponder suas expectativas...
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